Fui
convidada pela Câmera Municipal de Torres Vedras em Portugal para participar do evento Arte no
Centro organizado pelo arquiteto e desenhista André Duarte Baptista. Um projeto de fortalecimento de práticas artísticas inclusivas que acontece
regularmente na cidade no mês de outubro. Viva!
Inicialmente
atuei como formadora (instrutora) e participante do 3º Encontro Internacional de Desenhadores de Rua. Desenhistas de
diferentes nacionalidades encontram-se para desenhar juntos em diferentes
workshops, cada qual com uma dupla de formadores.
No meu caso, tive como
parceiro o grande aquarelista português Augusto Pinheiro e oferecemos o workshop Encontro de Linguagens – traço e
aquarela– para dois grupos.
A
experiência como formadora foi marcante. A parceria com Augusto expressou
sintonia e complementariedade de conhecimentos e vivências, o que contribuiu
para uma oficina com forte engajamento dos participantes e com resultados
frutíferos.
A oficina
seguinte foi dada para os alunos do curso de arquitetura da universidade
Lusófona. Nesse encontro o objetivo foi despertar o envolvimento e a
participação dos alunos em relação a observação em sketches. Trata-se de uma
estratégia relevante, principalmente, para uma geração conectada com os meios
digitais. Acredito que essa atividade tenha contribuído para o entendimento da
necessidade da observação atenta e da concentração para desenvolvimento de
habilidades no âmbito do desenho.
Nathalia Sá Cavalcante e Augusto Pinheiro formadores do workshop
Encontros de Linguagens
Nathalia Sá Cavalcante e Augusto Pinheiro formadores do workshop
Encontros de Linguagens
Nos outros
dias participei dos workshops de colegas desenhistas usufruindo de diversas
propostas interessantes de desenvolvimento do desenho (sketches) de observação
direta. Em cada uma das propostas experimentei e descobri outras possibilidades
em relação ao desenho que me ajudaram a fortalecer o meu trabalho e abriram
portas para novos aprendizados. Foi extremamente gratificante o ambiente de
trocas, de solidariedade e de amizade que esse encontro ofereceu. Uma atmosfera
harmônica para o aprimoramento de conceitos, de técnicas e também de formas de
estarmos no mundo.
Tive pela
primeira vez a oportunidade de participar de uma tertúlia com os formadores que fizeram parte do Encontro. A palavra
tertulha, particularmente, tem um sentido afetivo ligado a minha infância e as
palavras de parentes nordestinos que contavam sobre as tertulhas ou festas
cearenses (nordeste do Brasil). Nesse caso, a tertulha foi uma conversa, entre
os participantes do encontro, trocando as impressões vividas e os aprendizados.
Um momento para pensarmos juntos e podermos saborear um pouco desse experiência
tão intensa e significativa. Senti que nesse momento os significados
encontraram-se pela via do clima alegre e entusiasmado.
Workshop ministrado por Simon Taylor e Monia Abreu. Também participei dos workshops
dados por Pedro Cabral/Pedro Alves, Patrízia Estévez/Pedro Sardinha,
Isabel Alegria/Pedro Mendes.
Tertúlia com os formadores do 3º Encontro Internacional de Desenhadores
de Rua
Fotos tiradas ao final de alguns encontros no 3º Encontro Internacional de Desenhadores de Rua
Durante a
semana seguinte fiz a Residência
Artística e atuei como formadora em Oficinas
de Inclusão Social pela Arte. A Residência Artística consiste na elaboração
de desenhos da cidade de Torres Vedras como registro gráfico de lugares,
pessoas, ações e o que possa representar um pouco do cotidiano da cidade.
Contei com
o apoio dos organizadores e envolvidos que contribuíram muito para o sucesso
das oficinas. Em cada uma dessas oficinas propus a elaboração de livro-sanfona com
a representação das lembranças da infância e de sonhos para o futuro reunidos
em uma mesma folha de papel dobrada. Os adolescentes e pré-adolescentes
participaram desenvolvendo ideias criativas a partir da singularidade de cada
aluno.
Fiquei
muito contente de poder conhecer um pouquinho do cotidiano do ensino de Torres
Vedras e interagir com professores e alunos locais.
Espaço
Cultural Porta 5. Apoio de Ana
Dulce Avelino, Joana Alves, Catarina Gomes
Porta 5 –
grupo de pré-adolescentes com etnia cigana
Escola Padre Vítor Melicias. Alunos da profa. Anna Maria Cláudio.
Aluno com baixa visão acompanhado da Profa. Olga Fortunata Daniel
Escola Básica Maxial com prof. João Batalha e as representantes
da Câmara Municipal Torres Vedras, Joana Alves e Catarina Sobreiro
Escola Básica Maxial prof. Paulo Carocinho
Também
participei com desenhos na Exposição Coletivo
Brasil: exposição coletiva de artes visuais na Paços Galeria Municipal com
curadoria de Lauro Monteiro. Foi um momento de emoção poder compartilhar um
pouco do meu trabalho em outro país. O retorno recebido me surpreendeu e me
forneceu ainda mais motivação apara continuar trabalhando e me desenvolvendo.
Desenhos de Nathalia Sá Cavalcante expostos na Paços Galeria Municipal
Apresentação oral do curador da exposição Lauro Monteiro, da vereadora
da cidade Ana Umbelino e dos artistas participantes da exposição
Coletivo Brasil.
Os dias em
Torres Vedras foram intensos, com muito trabalho. Artistas plásticos,
arquitetos, designers gráficos, ilustradores e outros profissionais
encontram-se e muitas trocas foram estabelecidas. A experiência de inclusão por
meio do desenho, também significou um desafio estimulante e gratificante. A
oportunidade em participar da exposição Coletivo Brasil – junto com outros de artistas brasileiros –
ampliou ainda mais a parceria cada vez mais forte entre Brasil e Torres Vedras.
Agradeço profundamente
a todos que participaram de alguma forma dessa experiência tão especial e
significativa para o meu aprimoramento como desenhista, para o meu trabalho
como professora e, para a minha experiência pessoal e humanística.