O Rio e o mar
"O mar não tem desenho.
O vento não deixa. O tamanho..."
Guimarães Rosa em A Partida do Audaz Navegante
Sábado de verão atípico. Uma tarde nublada
oscilando entre um pouco de céu azul e muitas nuvens, temperatura amena e
sombra, música dos anos setenta e uma das
mais belas vistas da cidade. No
mirante do Leblon e ao pé do morro Dois Irmãos,
o Rio é o mar...
Um pequeno quase oásis dentro de uma cidade
em dor pela violência, pobreza e descaso. Os turistas, com seus celulares em
punho em busca de um segundo de plena felicidade, lembravam o narcisismo da
sociedade sonâmbula.
E o mar... sempre o mar... a natureza e
seus ensinamentos... sua beleza e sua fúria salpicam gotas salgadas no rosto e
nos cadernos de desenho. Estávamos lá, amigos desenhadores, desfrutando do som
das ondas e observando as pessoas que circulavam pelo mirante.
Os desenhos correm bem e as conversas
também. Desenhar junto é generoso. Cada um com seu olhar, com sua escolha e com
suas histórias. Entre ondas, risadas, linhas e cores, o desenho encanta aqueles
que ainda olham ao redor. A tarde segue suave a inventar uma realidade que já
não é possível. De qualquer forma, desenhamos, desenhamos juntos e olhamos o
Rio onde é mar...