terça-feira, 7 de janeiro de 2020



O Rio e o mar



"O mar não tem desenho.
 O vento não deixa. O tamanho..."
 Guimarães Rosa em A Partida do Audaz Navegante 






Sábado de verão atípico. Uma tarde nublada oscilando entre um pouco de céu azul e muitas nuvens, temperatura amena e sombra, música dos anos setenta e uma das 
mais belas vistas da cidade. No mirante do Leblon e ao pé do morro Dois Irmãos, 
o Rio é o mar...

Um pequeno quase oásis dentro de uma cidade em dor pela violência, pobreza e descaso. Os turistas, com seus celulares em punho em busca de um segundo de plena felicidade, lembravam o narcisismo da sociedade sonâmbula.

E o mar... sempre o mar... a natureza e seus ensinamentos... sua beleza e sua fúria salpicam gotas salgadas no rosto e nos cadernos de desenho. Estávamos lá, amigos desenhadores, desfrutando do som das ondas e observando as pessoas que circulavam pelo mirante.


Os desenhos correm bem e as conversas também. Desenhar junto é generoso. Cada um com seu olhar, com sua escolha e com suas histórias. Entre ondas, risadas, linhas e cores, o desenho encanta aqueles que ainda olham ao redor. A tarde segue suave a inventar uma realidade que já não é possível. De qualquer forma, desenhamos, desenhamos juntos e olhamos o Rio onde é mar...